18 agosto 2010

A paciência de Jó

É um enigma muito engenhoso o sentido do que chamamos justiça. Por que muitos malfeitores vivem tanto? Tem tempo de sobra para fazerem loucuras. Homens bons adoecem, muitos deles morrem estafados da luta contra as perversidades e idiocicracias. Onde estará a justiça outrora perdida? (João Alexandre)
A Bíblia fala de um homem chamado de justo pelo próprio Deus, seu nome era Jó. A paciência de Jó é já um jargão cultural, pois Jó sofreu o que de pior se pode. Perdeu toda a família, bens e por fim a saúde. Só ficaram sua mulher rixosa, aconselhando ele a amaldiçoar Deus e morrer, além de três amigos tentando convence-lo da própria culpa por estar sofrendo. Ao contrário do que se pensa, por fim Jó, perdeu também a paciência e passou a se queixar de Deus. O enigma se resolve quando Deus responde a Jó se revelando. No diálogo expresso em Jó capítulos 38 a 41, Iahweh, o único Deus, fala de duas de suas características marcantes, grandeza e soberania. O tamanho de Deus não é somente o tamanho do universo, é muito mais. Deus invade e discerne do vazio de um átomo ao infinito. O controle de Deus é absoluto; a causa e efeito de Deus são incompreensíveis ao ser criado. O homem, por mais que saiba e investigue, não vai compreender o momento em que está inserido no xadrez da cosmologia. A figura do Deus pessoal que nós cristãos conhecemos e cultivamos, muitas vezes nos faz esquecer do fato de que somos pó. Se Deus investe em um ser tão frágil como nós, é pelo fato de exercer soberania com misericórdia. Nossa carne é como uma folha que seca, nossa obras são como orvalhos que evaporam diante do sol da manhã. Portanto, quando aparecem as catástrofes pessoais ou planetárias, elas estão nos dizendo: - "Percebam sua pequenez e finitude!". E diz Deus: - "Eu me ocupo de você, mas sou grande demais para ser contido por qualquer de suas idéias!".
Nesse ritmo, me vejo a pedir a Deus para que nem eu nem você precisemos passar o que Jó passou, e só assim entender quem dá as cartas no universo. Nosso senso de justiça tem propósitos mesquinhos de mais. Visamos auto-preservação, auto-piedade. Por isso nosso senso de justiça deve ficar em segundo plano nesse debate. Deus conhece o coração dos homens. Sabe-se lá o que ele já fez de mal para no fim salvar uma alma do inferno. Ele conduz o homem a se humilhar, mas, ao mesmo tempo habita com o contrito, recolhe a lágrima do pobre e acumula assim ira para todos os maus no dia da vingança. Não compreendemos os padrões da Sua Justiça e certamente também não medimos o tamanho da Sua bondade.

Um comentário:

  1. Gosto muito dos artigos lançados neste Blog. Se encontram muito com o que penso.

    Principalmente quando cita o fato em que DEUS NÃO PRECISA DE NÓS e sim o contrário. Isto é um fato que muitas vezes leva "Homens e Mulheres de DEUS" a soberba por acharem que o que fazem é tão significante que se torna melhor do que os que AINDA não puderam fazer algo. Digo AINDA por que DEUS não fez ninguém sem propósito e um dia o propósito virá a tona.

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