22 abril 2010

50 anos do sonho de concreto

Há cinquenta anos nasceu Brasília de uma investida bandeirante do presidente JK. Grande desenvolvimentista com uma certa megalomania, mas com um carisma visível e discurso muito articulado, levou o Brasil a um sentimento patriótico intenso que se dissolveu na dívida externa e inflação. Agora estamos pagando a dívida, antes pagávamos os juros. Nada deixava o Brasil pagar nem a inflação, agora bem reduzida, nem o país, sempre passando por crises administrativas, nem o terrível FMI com políticas que só favorecem os sanguessugas internacionais. Estamos pagando!
Somos menos escravos. porém ainda escravos, pois escravo é quem é devedor como diria o Rei Salomão; mas vivendo uma dignidade um pouco mais significativa. E Brasília essa contradição. Esse plano piloto tão bonito cercado de favelas por todos os lados, diz a imprensa. Quem vive lá e eu que fui muitas vezes, não posso dizer que é bem assim. Tem muita gente que vive bem nas satélites até porque no plano piloto vivem muito poucos dos que movimentam a máquina dele. Mas de fato o centro é bom de viver, mas muito segregacionista. Leis rígidas, das quais os próprios moradores beneficiários reclamam. Rua disso, rua daquilo. Achei graça quando descobri que tem uma área de postos de gasolina, que tosco. Veja que no planejamento, o grande Lúcio Costa não imaginou que alguém ia ter que sair de uma ponta da cidade à outra só pra pôr gasolina. Acho que Lúcio tem alguma coisa de Luso.
No mais é um lugar lindo de se ver, referência de criatividade e bom gosto. O Oscar é mesmo incrível.
Parabéns então para esse monumento de beleza e contradições. Parabéns aos Paralamas e Legião Urbana, que viveram pessoalmente as tragédias e dilemas do que representa a nossa capital: um sonho interrompido. Um desenvolvimento ainda a se tornar de todos.

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