10 março 2010

Cypherpunks, Ravers, Zippies e Nova era


É fato que a difusão das idéias da Nova Era, ou Era de Áquário perpassaram há muito as simples literaturas de origem esotérica e vem sendo inteligentemente introjetadas nas relações sociais. Desde o surgimento das redes locais e da internet, o uso das tecnologias também vem sendo veículos de tal empreendimento. Os cypherpunks, protetores da privacidade na rede, usam criptografias baseadas na cabala e no esoterismo. Cypherpunks são "agentes" internautas que visam preservar a liberdade dos navegadores não serem identificados por orgãos considerados repressores, como Governos, Cartões de Crédito, provedores etc.
Ravers e Zippies são declaradamente esotéricos. Utilizam a rede como veículo de encontro para festas tecno onde o consumo de drogas (de preferência algum lançamento), sexo compartilhado, dança frenética e barulho ensurdecedor são imprescindíveis. Nesses encontros a tecnologia se faz presente no ambiente futurista, nas relações consideradas "atualizadas" por permitir sexo livre e o uso de computadores, internet e jogos eletrônicos. Esse ambiente é muito bem retratado no filme "Hackers": o primeiro da Angelina Jolie. Os protagonistas Angelina e Jonny Lee se encontram em uma grande festa Rave onde se apaixonam e passam a viver juntos depois de dançarem a noite inteira e se divertirem entrando em sistemas de instituições importantes. Nas Raves essa versão tecnológica de rippies são a expressão mais clara de que o chamado pós-cristianismo na Europa chegou.
Parece que de fato a tecnologia virou uma companhia alternativa, ou um ponto de convergência social. O orkut, facebook, as redes sociais são somente a ponta de um iceberg do nível de interação possível com a tecnologia nos dias de hoje. Não existe mais show sem vídeos que exacerbam os movimentos do artista. Não existem mais pessoas vivas que não possam ser achadas com facilidade. Não existe mais barreira entre o humano e a máquina. Mas até que ponto isso é saudável fisica, pessoal e psicologicamente?
Uma tese sendo construída por um amigo meu mestrando em música, tenta demonstrar através de uma pesquisa realizada em coletâneas, que as músicas mais atuais estão mais curtas pelo fato de o chamado "bit" estar mais acelerado. O "bit" é a unidade básica da semínima, nota que tem valor um na música. Logo o que esta pesquisa relata é que as pessoas estão apressadas até para ouvirem música. O mercado está exigindo músicas que acabem rápido. Isso talvez por que hoje tudo acaba rápido: casamento, família etc. A intolerância é a marca social de uma cultura cada dia mais personalista. As garantias individuais estão sendo interpretadas como direito de tornar tudo insuportável ou descartável. A Nova Era nada mais é que a antiga capacidade do ser humano de ser regido pelo prazer, de anular a consciência e viver como um animal, escravo dos instintos básicos. O elemento tecnológico só é mais um aperitivo do hedonismo e da cultura flácida desse sistema decaído. A pressa não é só inimiga da perfeição é inimiga da saúde. O número alarmante de pessoas depressivas, com síndrome do pânico ou surtando é estarrecedor. Ninguém aquenta mais essa dose cavalar de entretenimento. Os filhos são criados pelo video-game, os pais viciados em computador e televisão e todas as nossas relações se tornando indiretas na maior parte do tempo. Deus nos ajude!

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